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artigo técnico sobre poluição por óleo DE"cozinha"
artigo técnico sobre poluição por óleo DE"cozinha"

Desenvolvimento sustentável – Reciclagem do óleo vegetal comestível usado

Aguinaldo Caldeira Lopes – Técnico Ambiental

 

Resumo:

Reciclar significa transformar materiais usados em novos produtos para o consumo. Este processo hoje é altamente importante, devido os benefícios que tal procedimento trás para o planeta Terra, diminuindo de forma significante o impacto ambiental. Este artigo aborda os benefícios e os impactos que a reciclagem pode causar, além de analisar a importância da reciclagem do óleo vegetal comestível (óleo de cozinha), e seu destino, fazendo uma comparação do que foi, e do que poderá ser do meio ambiente, se tal metodologia sustentável for devidamente aplicada.

 

Palavra chave: reciclagem, impacto ambiental, meio ambiente, desenvolvimento sustentável.

 

Conforme Reis et al (2007), o óleo utilizado repetidamente em frituras por imersão sofre degradação, acelerada pela alta temperatura do processo, tendo como resultado a modificação de suas características físicas e químicas. O óleo se torna escuro, viscoso, tem sua acidez aumentada e desenvolve odor desagradável, comumente chamado de ranço, passando à condição de exaurido, quando passa a não prestar para novas frituras, em função de conferir sabor e odor desagradáveis aos alimentos, bem como adquirir características químicas comprovadamente nocivas à saúde. Não havendo utilização prática para os residuais domésticos e comerciais, em geral são lançados na rede de esgotos. O despejo de óleo de fritura provoca impactos ambientais significativos, como os indicados a seguir: Nos esgotos pluviais e sanitários, o óleo mistura-se com a matéria orgânica, ocasionando entupimentos em caixas de gordura e tubulações; Lançado diretamente em bocas-de-lobo, o óleo provoca obstruções, inclusive retendo resíduos sólidos. Em alguns casos a desobstrução de tubulações necessita do uso de produtos químicos tóxicos; Na rede de esgotos, os entupimentos podem ocasionar pressões que conduzem à infiltração do esgoto no solo, poluindo o lençol freático ou ocasionando refluxo à superfície; Em grande parte dos municípios brasileiros há ligação da rede de esgotos cloacais à rede pluvial e a arroios (rios, lagos, córregos). Nesses corpos hídricos, em função de imiscibilidade do óleo com a água e sua inferior densidade, há tendência à formação de películas oleosas na superfície, o que dificulta a troca de gases da água com a atmosfera, ocasionando diminuição gradual das concentrações de oxigênio, resultando em morte de peixes e outras criaturas dependentes de tal elemento; Nos rios, lagos e mares, o óleo deprecia a qualidade das águas e sua temperatura sob o sol pode chegar a 60ºC, matando animais e vegetais microscópicos; Quando ingresso aos sistemas municipais de tratamento de esgotos, o óleo dificulta e encarece o tratamento; No ambiente, em condições de baixa concentração de oxigênio, pode haver “metanização” (transformação em gás metano) dos óleos, contribuindo para o aquecimento global.

Fonte/Autores : O. S. R. Pitta Junior , M. S. Nogueira Neto , J. B. Sacomano , J. L. A. Lima

 

Em um mundo marcado pela degradação constante do meio ambiente e de seus ecossistemas, impõe-se a necessidade de articulação com a educação ambiental, onde o envolvimento de diversos sistemas de conhecimento tem que ser colocados em pratica unindo a capacitação de profissionais, junto com a comunidade universitária formando níveis de educação formal e não formal voltados para a transformação social relacionando o homem e a natureza, sabendo que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o ser humano (JACOBI, 2003).

 

Mantido o atual ritmo de degradação ambiental, é muito provável que as próximas gerações sejam privadas de diversas espécies animais e vegetais, hoje já ameaçadas de extinção por diversas razões. 

A diversidade e abundância de recursos disponíveis na natureza levou as sociedades ao errôneo entendimento de que estes seriam inesgotáveis. Os desequilíbrios ambientais globais da atualidade demonstram este grave erro de percepção e, de acordo com Lira e Cândido (2008), há a necessidade urgente de uma mudança de  comportamento da sociedade e de paradigma no que se refere à visão econômica, empresarial, social e ecológica. Dentre desses recursos, a água é o bem mais precioso que temos, porém está se tornando um recurso finito para o mundo.

 

Neste sentido, a reciclagem de um modo geral vem se mostrando cada vez mais necessária e vantajosa. Algumas empresas, no empenho de obter certificação ISO 9002 e principalmente a ISO 14000, por ser mais rigorosa na questão ambiental, precisam dar destino adequado aos resíduos, ora por razões econômicas, ora por questões ambientais, na tentativa de reduzir o impacto ambiental causado pelo homem (CASTELLANELLI, 2008). 

 

A crescente preocupação em relação ao meio ambiente e o aumento do uso do óleo de cozinha, freqüentemente utilizado em frituras, sem falar nos malefícios que o uso tem causado ao homem, também produz danos ao meio ambiente se jogado pelo ralo da pia, pois provoca o entupimento das tubulações nas redes de esgoto, aumentando em até 45% os seus custos de tratamento (FELIZARDO, 2003).

 

A população brasileira consome, em média, 3 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano (REUSO DO ÓLEO DE FRITURA, 2006), ou seja, em média cada família produz o equivalente a 1,5 litros de óleo usado/mês. Sabe-se que um litro de óleo pode contaminar 1 milhão de litros de água, quantidade esta suficiente para o consumo de uma pessoa durante 14 anos (FELIZARDO, 2003).

 

Além da contaminação das águas, o óleo que atinge o leito de rios o impermeabiliza, favorecendo enchentes (FELIZARDO, 2003). A remoção  deste resíduo envolve o uso de produtos químicos altamente tóxicos, com conseqüente criação de uma cadeia nociva.

 

Outra conseqüência negativa do descarte do óleo na  rede pública de esgoto é o aumento dos níveis de CBO (Carência Bioquímica de Oxigênio), CQO (Carência Química de Oxigênio) e de SST (Sólidos Suspensos Totais) nas Estações de Tratamento de Esgoto, o que dificulta o funcionamento eficiente dos seus equipamentos, pelo fato do aumento na concentração destes parâmetros conduzirem a um considerável consumo de energia no desempenho das mesmas, além de implicarem manutenções e limpezas mais freqüentes nos equipamentos de separação de óleos e gorduras, além do gasto de tempo para a realização dessas operações (IPA, 2004). 

 

A problemática criada pela crescente geração de resíduos, principalmente oriundos do descarte inadequado do óleo de cozinha usado no meio ambiente é uma questão complexa a qual requer a atuação dos diversos setores da sociedade. 

Um único litro de óleo é capaz de poluir cerca de um milhão de litros de água, causando a impermeabilização de leitos dos rios e terrenos adjacentes o que contribui para a ocorrência de enchentes, obstrução dos filtros de gorduras da Estação de Tratamento de Água e Esgoto, etc.

Atualmente, o tema sustentabilidade vem sendo cada vez mais visível na mídia e se tornando mais freqüente na vida das pessoas e de empresas. É comum empresas utilizarem dentro do meio de comunicação com clientes, projetos ou atitudes que demonstrem a preocupação com o meio ambiente, onde as ações de “Marketing Verde” são utilizadas para chamar a atenção dos clientes, se diferenciando dos concorrentes com a mensagens como:

“compre o meu produto, pois eu ajudo o meio ambiente”. Embora esta seja uma atitude importante, sabemos que ela está muito mais relacionada a questões econômicas do que simplesmente conscientização em relação a esta problemática.

Leis foram criadas com o intuito de fiscalizar e incentivar a reciclagem e a reutilização dos recursos naturais, cobrando determinadas condutas das organizações, onde títulos como ISO14000 se tornam diferenciais competitivos dentro do mercado, o que nos leva a entender que a imagem que a empresa pretende transmitir, está muito mais relacionada à obrigatoriedade em relação às praticas de gestão do que de conscientização. 

Uma das formas de reciclagem e que é muito presente em nosso dia a dia é a reutilização do óleo de cozinha, onde para evitar que este óleo seja lançado diretamente nas redes de esgoto e em rios, várias cidades em todo o Brasil têm criado projetos que incentivem métodos de reciclagem.  Na realidade, existem projetos que foram desenvolvidos no intuito de minimizar os danos causados ao meio ambiente, e preservar o pouco que resta, no entanto poucos destes projetos são consistentes e estruturados de forma que tenham condições mínimas para uma continuidade. Conforme citado por Inacy Sachs, para que haja a sustentabilidade dentro de uma ação ou projeto, este deve se apoiar em três pilares fundamentais: o Social, Ambiental e Econômico.

 

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